A construção do mais ambicioso projeto global de astronomia, o Grande Conjunto de Radiotelescópios do Atacama (ALMA, na sigla em inglês), localizado numa das áreas mais desertas do planeta, no norte do Chile, representa um desafio sem precedentes para astrônomos e engenheiros. Os astrônomos de todo o mundo utilizarão o ALMA para esquadrinhar os segredos escondidos nas áreas do Universo onde até agora a ciência e a curiosidade humanas não conseguiram chegar.
38 km de deslocamento - 2.900 a 5.100 metros acima do nível do mar
O lugar escolhido para a sua construção, a Planície de Chajnantor, a 5.100 metros de altura, no meio do Deserto do Atacama e a 1.700 km ao norte de Santiago, é inóspito e tem uma atmosfera tão nítida quanto a do Pólo Sul. Chajnantor, o lugar mais alto escolhido para sediar um observatório astronômico, oferece céus excepcionalmente secos e claros, ideais para que as 64 antenas da ALMA captem as ondas emitidas pelos corpos celestes mais antigos do Universo.
As pessoas não são as únicas a terem dificuldades com a altura. Alguns equipamentos não suportam a pressão e têm de ser operados à distância, por outros situados numa altura mais baixa. No meio do deserto mais árido do mundo, não existia nada e os recursos não estavam tão disponíveis quanto numa cidade. Nesse cenário, uma mega-construção encontra dificuldades pois enfrenta complexos desafios como o fornecimento de eletricidade, água, comunicações e segurança para as equipes. "É uma obra de grande complexidade", disse àAFP um dos construtores chefes do projeto, o engenheiro chileno Eduardo Donoso.
"Tivemos de levantar tudo a partir do nada", acrescentou, fazendo uma pausa nas incessantes jornadas de trabalho no acampamento base localizado numa região a cerca de 38 km do lugar onde ficarão as antenas. A participação de três distintas organizações científicas, dos Estados Unidos, Japão e Europa, é outro elemento de complexidade, especialmente nos trabalhos de coordenação das tarefas de construção.
O ALMA é o primeiro projeto global de astronomia, do qual participam os consórcios Associated Universities Incorporated (AUI), dos Estados Unidos, e o Observatório Europeu Austral (ESO), integrado por 11 países. "A construção do observatório é um dos projetos científicos mais importantes", comentou por sua vez o engenheiro alemão Jorg Eschwey.
Um enorme caminhão de cerca de 120 toneladas, especialmente desenhado para transportar as antenas, já está sendo construído na Alemanha.
Do ponto de vista científico, o conjunto de antenas deve significar uma importante contribuição na tentativa de encontrar uma resposta sobre a formação do Universo.
A capacidade de observação através de ondas submilimétricas lhe dá vantagens sobre os telescópios óticos baseados em espelhos que captam feixes de luz. Espera-se que as antenas alcancem, em sua máxima potência, uma resolução 10 vezes superior à do telescópio espacial Hubble. "Será um olho gigante, único por seu potencial para receber dados sobre o nascimento do Universo", disse à AFP William Garnier, relações públicas do Observatório Europeu Austral.
Veja a localização exata no mapa do Google ba base de operação das antenas
Veja também:
Radiotelescópio de Arecibo - Porto Rico
A Ponte Mais Alta do mundo
Um rio que fica por cima de outro rio