Na madrugada desta quinta-feira (31), um incêndio destruiu um prédio abandonado no centro de Joanesburgo, na África do Sul, deixando ao menos 74 mortos e 43 feridos. O prédio era ocupado por pessoas em situação de rua, que buscavam abrigo em um local sem condições mínimas de segurança e higiene. Neste post, vamos explicar o que aconteceu, quais foram as causas e as consequências do incêndio, e como podemos ajudar as vítimas e prevenir novas tragédias.
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O incêndio começou por volta das 1h30 da manhã, horário local (20h30 de quarta-feira, no horário de Brasília), em um prédio de cinco andares na esquina das ruas Delvers e Albert, no Central Business District de Joanesburgo. Segundo testemunhas, havia até 200 pessoas morando no prédio, que era considerado abandonado pelas autoridades.
As chamas se alastraram rapidamente pelos andares, impedindo a saída dos moradores. Alguns tentaram escapar pelas janelas, usando lençóis rasgados como cordas, mas muitos não conseguiram. Os bombeiros chegaram ao local por volta das 2h da manhã, mas enfrentaram dificuldades para controlar o fogo e resgatar as vítimas. Às 10h da manhã, o prédio ainda estava em chamas, e corpos cobertos eram vistos na rua próxima.
O porta-voz dos Serviços de Gestão de Emergências de Joanesburgo, Robert Mulaudzi, disse que o número de mortos pode aumentar, pois a busca e o resgate ainda estão em andamento. Pelo menos sete das vítimas eram crianças, a mais nova com 1 ano. Os feridos no incêndio estão recebendo tratamento em “vários centros de saúde”, afirmou.
Quais foram as causas do incêndio?
As causas do incêndio ainda estão sendo investigadas pelas autoridades competentes, mas há indícios de que se trata de um caso de negligência e abandono. O prédio onde ocorreu o incêndio era um dos chamados “edifícios sequestrados” de Joanesburgo, ou seja, imóveis abandonados pelos proprietários ou tomados por criminosos, que são ocupados por pessoas em situação de vulnerabilidade social. Esses edifícios não têm água, eletricidade, saneamento ou segurança adequados, e representam um risco para a saúde e a vida dos moradores e da população em geral.
Além disso, o prédio tinha uma história ligada ao regime do apartheid, que vigorou na África do Sul até 1994 e impôs uma segregação racial brutal no país. O edifício era conhecido como “The Grays”, pois abrigava uma unidade policial secreta responsável por torturar e matar ativistas antiapartheid nos anos 1980. Segundo alguns moradores, o prédio era assombrado pelos fantasmas das vítimas da repressão.
Quais foram as consequências do incêndio?
O incêndio em Joanesburgo foi uma das piores tragédias da história da África do Sul, provocando uma comoção nacional e internacional. O presidente Cyril Ramaphosa expressou sua solidariedade com as vítimas e seus familiares, e prometeu tomar medidas para melhorar as condições de moradia dos mais pobres. Ele também declarou luto oficial de três dias em homenagem aos mortos.
O incêndio também expôs a grave situação social e econômica que afeta milhões de sul-africanos, que vivem na pobreza, no desemprego e na falta de oportunidades. Segundo dados oficiais, cerca de 30% da população vive abaixo da linha da pobreza, e mais de 40% está desempregada. A pandemia da covid-19 agravou ainda mais esse cenário, aumentando a demanda por moradia e serviços básicos.
O incêndio também gerou uma onda de solidariedade e mobilização social, com diversas organizações não governamentais, igrejas, empresas e cidadãos oferecendo ajuda às vítimas e aos sobreviventes. Foram arrecadados alimentos, roupas, cobertores, água, medicamentos e outros itens de primeira necessidade. Também foram criadas campanhas de doação financeira e de voluntariado para apoiar as vítimas e as famílias afetadas.